quarta-feira, 16 de maio de 2012

Uma reflexão sobre o ensino da matemática




A matemática, da forma que é ensinada hoje nas escolas não desperta o interesse da maioria dos alunos pela simples razão de que o que se ensina não são ideias. É ensinada uma série de habilidades para resolver problemas práticos e dicas para passar nas provas de vestibulares, ou seja, um treinamento. Estes são memorizados sem uma real apreciação dos conceitos e de um perfeito entendimento. São premiados o conhecimento bruto, memorização e a velocidade, no lugar das ideias e dos significados.

Para se aprender Matemática – no sentido estrito-que deva possibilitar sua efetiva apreciação, como sendo uma coleção de raciocínio, de forma a entender o que existe, desprezar o que é irrelevante, e extrair daí um novo resultado consistente e significativo na vida do cidadão.

Durante nossa passagem como professores, trabalhando no ensino da Matemática, do fundamental ao universitário, temos observado diversos problemas relacionados com os agentes, -  alunos, professores e diretores-, vinculados ao ensino de matemática, os quais citamos a seguir:

Quanto aos professores:


Falta interesse em preparar sua aula de forma adequada; falta objetividade na exposição de conteúdos tais como: número áureo, crivo de Erastóstenes, triângulo de Pascal, números primos de ordem elevada (Fermat) probabilidade e estatística (estudo superficial e mal feito, pois não passa das medidas de posição) , diversos tipos de equações da reta e circunferência, as “2012” fórmulas da trigonometria (precisamos de duas) e números complexos sem os alunos trabalhar com segurança os números reais; o excessivo número de aulas em detrimento da qualidade; não se reciclar, isto é, não participa de seminários, palestras e programas de pós-graduação de sua área; se fixar em um só nível fundamental-médio ; o não compromisso com o país.

Quanto aos alunos:

Uma boa parte vai a aula como obrigação (em geral para adquirir um diploma, e não com o objetivo de adquirir conhecimento); alguns usam o celular, notebook, lançam bola de papel entre outras ações não compatíveis com o ambiente de aprendizagem (falta a educação doméstica).

Quanto aos diretores:

Péssimas condições das salas de aulas, salas com mais de 50 alunos; a má divisão do conteúdo matemático e de outras matérias, faz com que o aluno tenha 15, 16, 17 e até 18 disciplinas com 150 aulas (45 minutos) mensais de sala de aula, isto começando no oitavo ano do fundamental; alguns só tem interesse com o pagamento das mensalidades, quando diretor de escola particular. Já os de escolas públicas vivem ás voltas com políticos, além de serem obrigados a exigir dos professores a não reprovação dos alunos, sob pena de não receberem verbas e perderem o cargo, caso haja reprovação.

Como consequência disto, distribuir computadores para os alunos como forma de melhorar o ensino, não é a solução. Na China, atualmente o país que mais cresce economicamente, e que tem as melhores colocações em eventos (competições) mundiais em matemática, não precisou distribuir computadores para seus alunos e nem os professores ganham uma fortuna, mas os alunos, professores e diretores tem compromisso com o seu país. O insucesso em Matemática não depende exclusivamente das características da disciplina nem das concepções dominantes acerca da sua aprendizagem. Urge renovar profundamente a escola, de forma a que esta se torne um espaço motivante de trabalho e de crescimento pessoal. Isso pressupõe, eventualmente, uma intervenção aos mais diversos níveis, incluindo as práticas pedagógicas, o currículo, o sistema educativo e a própria sociedade em geral, além de um estudo a ser realizado por pessoas, que de fato estejam em sala de aula, e comprometido com o ensino, sem a participação dos que vivem em gabinetes em Brasília, nos governos estaduais e municipais.Tendo como foco, um conteúdo de matemática único, aplicado e dosado para o fundamental e médio para todo o país, liberando aqueles colégios que quiserem ultrapassar este conteúdo, e que seja obedecido o que está escrito nos PCN´s e DCEM. Teria sentido este conteúdo único em função da prova do Enem que mais cedo ou mais tarde funcionará como instrumento único para o aluno alcançar a Universidade e assim evitaríamos discussões do tipo regionalista. Sugerimos também, convocar para este processo a SBM – Sociedade Brasileira de Matemática, que poderá abrir um fórum em sua revista do professor de Matemática, que congrega os professores de matemática, espalhado por todo o Brasil.







Um comentário:

  1. O que observamos hoje em sala de aula da Escola Pública é principalmente: falta de respeito para com o Professor; falta de disciplina; falta de educação familiar;
    preocupação constante dos gestores em atingir indicadores para Escola nota (Dez); E quanto a Qualidade da Educação? Como fica? Como mensurar? Mas, afinal, o que se entende por um padrão de qualidade de ensino a que todos têm direito? Precisamos encontrar uma resposta que permita transformar esse princípio em realidade.
    Sabemos que a universalização do acesso ao ensino fundamental, médio e superior vem crescendo nos últimos anos de forma significativa para melhor atender a demanda da população, mas, mesmo assim, estudos comprovam que os alunos têm acesso, mas não concluem seu processo de formação devido a fatores como reprovações, desistências, aprendizado insuficiente, entre outros.
    Vale ressaltar que atender a todos com qualidade torna-se uma política social cada vez mais distante de se concretizar, se por um lado existe um consenso sobre a seriedade dos problemas educacionais existentes, por outro existe também um consenso que o aprendizado é um direito humano inalienável. Entretanto é fundamental também haver um consenso acerca das mudanças necessárias para a construção dos caminhos a serem trilhados em busca de uma educação pública democrática, inclusiva e de qualidade.

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