quarta-feira, 17 de julho de 2013

Um Matemático Português e Cauchy



          A história da divulgação das descobertas científicas faz parte do contexto histográfico científico. Antes do surgimento das grandes revistas científicas, o cientista de posse de resultados novos e originais, tinha dificuldade em divulgar suas descobertas. O envio de correspondências comunicando os resultados descobertos, foi um importante meio de divulgação científica e muito usado na época.

          A partir de meados do Século XVII, com o surgimento das academias científicas e de revistas científicas, a divulgação ganhou novas proporções. O cientista passou a ter as sessões das academias como fórum de divulgação de suas descobertas, e as revistas como instrumento de difusão dos resultados. As principais revistas surgidas foram: Journal des sça vans, Paris, 1665; Philosophical transactions, Londres, 1665; Giornale de letterati, Roma 1668; Acta eruditorum lipsiensis, Leipzig, 1682; Mémoires de L’academie des sciences, Paris 1699; Miscellanea berolinensia, Berlim 1710; Commentari academiae scientiarum imperalis petropolitanae, St Petersburgo, 1728. Nelas foram publicados alguns dos mais importantes artigos científicos do período entre o final do século XVII e início do século XIX. Outro meio de divulgação de temas originais, se deu através de livros, e alguns casos, o reconhecimento dos resultados apresentados deu-se de imediato, como foi o de Isaac Newton em sua obra Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, publicado em 1687, e o Marquês de L’Hopital (1661-1704) em sua obra de maior importância, Analyse des infiniment petits, publicado em 1696.

          O matemático português José Anastácio da Cunha (1774-1787) porém não teve a mesma sorte que os colegas acadêmicos citados. Anastácio da Cunha também apresentou alguns resultados originais acerca da análise infinitesimal, em seu livro Princípios Mathemáticos, publicado em Lisboa em 1790, e entre os resultados apresentados estão os critérios de convergência de séries infinitas, batizados como critérios de Cauchy (1789-1857). Isto ocorreu por problemas relativos à pequena divulgação da obra nos meios acadêmicos europeu (Anastácio da Cunha, antecipou-se em pelo menos 30 anos à Cauchy).

Fonte: Revista Brasileira de História da Matemática, volume 5, número 9, 2005.

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