O Pré-sal e as profissões

 Nos últimos anos o pré-sal tem sido um dos assuntos mais divulgados pelos meios de comunicação. A obtenção de uma quantidade suficiente de combustíveis é fundamental para o desenvolvimento sustentável do país. Os combustíveis fósseis extraídos do petróleo são a principal fonte de abastecimento energético da atualidade. Como são gerados na natureza em horizontes de milhões de anos, além dos diversos profissionais que se empenham diariamente para sua produção, existem outros tantos empenhados em identificar novas acumulações.

O ciclo para a produção de petróleo se inicia com os estudos geológicos. Nesta etapa estão envolvidos os profissionais geofísicos, geólogos, engenheiros de reservatórios, todos apoiados por profissionais de tecnologia da informação. Os geofísicos são os responsáveis pela obtenção dos dados sísmicos, que permitem estudar as camadas de rochas não visíveis. Abaixo das profundezas do mar existem camadas de rocha sobrepostas – como uma imensa massa folhada. A camada de sal e as que estão abaixo dela, o pré-sal, são exemplos destas camadas. Os tipos e a sequência de sobreposição das camadas pode indicar a possibilidade de existência de petróleo. O geofísico se utiliza dos fenômenos de reflexão e refração de ondas sonoras para “descobrir” a sequência de camadas rochosas de um determinado local. A captação das ondas sonoras refletidas é realizada na superfície por fones conectados a gravadores sensíveis.  Os dados coletados são enviados para processamento. Os geólogos são apoiados por equipes de especialistas em TI para tornar os dados brutos coletados em informações inteligíveis. As ondas sonoras captadas pelos geofísicos devem se transformar em modelos geológicos. A informação está camuflada nas ondas captadas. A responsabilidade é imensa: modelos não aderentes podem culminar com milhões de dólares de investimentos alocados na perfuração de poços exploratórios mal sucedidos.

O modelo geológico orienta os engenheiros de petróleo sobre locais com alta probabilidade de existência de acumulações de hidrocarbonetos. Nestes locais, poços devem ser perfurados. Os engenheiros de petróleo localizam as sondas de perfuração de acordo com o modelo geológico. Após a perfuração, detectados indícios de existência de petróleo, inicia-se o teste exploratório do poço. Dados como pressão, vazão, temperatura, viscosidade e massa específica são coletados na superfície e no fundo do poço. Os profissionais de TI – analistas de sistemas, engenheiros de automação, técnicos de informática – devem garantir medição com pequena incerteza das variáveis de interesse.  Os dados coletados são disponibilizados para os geólogos. Novos poços são perfurados para aprimorar o estudo do reservatório. Dados adicionais são coletados do processo. O modelo do campo de petróleo é aprimorado. Em se confirmando a viabilidade econômica de explorar a acumulação, entram em cena os engenheiros químicos. Estes profissionais formulam modelos conceituais de plataformas capazes de produzir o petróleo daquele campo. Estas plataformas devem também ser capazes de tratar a água produzida juntamente com o petróleo para reintrodução na natureza. Finalizado o conceito, entram em cena os engenheiros civil, mecânico, eletricista e de automação para concluir o projeto e construir a plataforma.

Finalizados projeto e construção, entram em cena engenheiros e técnicos de operação e de manutenção. As formações destes profissionais podem ser as mais diversas: eletricistas, mecânicos, civis. Mas todos são apoiados por profissionais de TI, que projetam e mantêm operacionais os sistemas de instrumentação e automação. E trabalham em turnos, todos os dias e 24 horas por dia, para produzir o máximo de petróleo, ao menor custo possível, com segurança para as pessoas e para o meio ambiente.